
Mãos com luvas imaculadas levam as urnas biodegradáveis, criadas por uma empresa espanhola com base na China, que devolverão os corpos à sua origem para cumprir o que disse o sábio chinês Confúcio: "O homem vem da terra e descansa quando retorna à terra".
O segredo destes caixões, fabricados com areia e proteínas naturais, é que não ocupam espaço, não poluem e não é necessário cortar árvores para fabricá-los, já que são biodegradáveis: os que são enterrados se desintegram em um período de 6 a 9 meses, e os que submergem em 45 minutos ou 1 hora.
A cerimônia em massa, ou "enterro coletivo", organizada em Tiajin, é a quarta realizada pelo cemitério Yongan desde que contratou os serviços da empresa Shengtai.
O Governo chinês obriga os familiares a cremá-los, assumindo os custos do processo, para depois deixá-los descansar em columbários (câmaras para depósito de cinzas) por 20 anos ou enterrar por cerca 10 mil iuanes (US$ 1.475).
A proibição nasce como medida para combater os problemas que surgem no país asiático, com 10 milhões de mortes anuais: a falta de espaço nos cemitérios e a poluição e o desmatamento provocados pela produção de caixões de madeira.
O conceito que a Shengtai quer expandir na China é totalmente revolucionário, já que os chineses se espantam com o conceito biodegradável, pois a tradição é venerar os corpos de pessoas mortas, e se eles se misturarem com a terra ou a água, deixarão de existir fisicamente.
Os familiares conservam as cinzas em urnas, pois não têm dinheiro para enterrá-los ou, no caso do falecimento do membro de um casal, por exemplo, o que fica vivo espera a morte para que sejam enterrados juntos.
Os cemitérios e empresas funerárias dos EUA também são um público alvo, onde começaram a operar este ano com uma venda mínima de 20 mil unidades.
O preço oscila entre 200 e 500 iuanes (US$ 29 e US$ 74).
As famílias das pessoas que são enterradas segundo esse processo poderiam pensar que nunca mais poderão homenagear seus entes queridos, mas não será assim. A tradição chinesa se modernizará, e poderá seguir havendo homenagens através das telas e muros de mensagens personalizados e fotos, entre outras ideias, que os cemitérios de Tianjin e Nanjing vão inaugurar para honrar os que retornaram definitivamente às suas origens.
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